Abri a porta, e revirei a cabeça para apreciar pela última vez naquele belo dia, o seu belo rosto. Sai caminhando pela rua em direcção a casa, ao longe podia ouvir a ignição dos motores a ser dada pela chave enquanto via o fumo a sair do tubo de escape a evaporar-se no céu e o carro a desaparecer na curva.
Tinha chegado a casa e a primeira coisa que fiz, foi correr em direcção ao computador e digitar o endereço da rede social que todos usavam na actualidade: www.páginasocial.pt , tinha sido fundada por um Português que investiu muito tempo a programá-la e a desenhá-la, de modo a criar uma rede social só para o povo Português. Durante um tempo foi um enorme sucesso mas depois perdeu-se para o Facebook.
Contudo, eu digitei o meu endereço de e-mail e a minha palavra-chave, fiz login, porque eu sabia ao certo que eu tinha-lhe adicionado no meu círculo de amigos, já lá iam uns belos meses. O que eu fazia para poder ver aquela mulher, vezes e vezes sem conta, de forma a passar despercebido.
Uma foto, outra foto e as imagens dos acontecimentos que tinham passado nesse dia, entravam-me na cabeça a velocidades estrondosas. O meu coração quase se rompia, novamente, de entusiasmo, mas tinha de me conter e esquecer aquilo que se passara.
Forcei a cadeira a ir para trás, de forma a poder-me levantar e afastar da secretária, daquelas imagens que já davam comigo em doido. O som do seu arrasto foi ensurdecedor, o velho chão de madeira pereceu danificado e marcado pelas pernas do assento.
- Mãe, dá uma olhada no esquentador. – O raio do esquentador por vezes tinha pancas e não trabalhava, um arranjo de cento e cinquenta euros derramados ao lixo. Mais valia tê-lo enviado para a fábrica e pagar um pouco mais pela qualidade do serviço ser cinquenta vezes melhor. De certeza que ficaria arranjado.
Dirigi-me à casa de banho, despi-me e contemplei o reflexo do meu corpo no espelho. Bombeei o meu sangue até aos meus músculos. Posei para mim mesmo, revi que zona muscular precisava de ser preenchida, treinada. Os ombros, o peito, os braços, costas, pernas, abdominais? Era a barriguinha que me faltava, o resto vinha por acertos, por treinos. Pequenas correcções.
Todos os dias repetia as mesmas poses, precisava de auto-estima, confiança para me sobrepor acima de tudo e todos. Ter força para vencer os problemas que apareciam dia após dia. O espelho começava a ficar embaciado, esqueci-me de que tinha ligado a torneira, de forma, a aquecer a água. Perdi-me no esforço que tinha de fazer para poder ficar com ela. Treinar, estudar e trabalhar.
O chuveiro fazia escorrer a água acima da minha cabeça, consequentemente pelo resto do meu corpo. O calor espalhava-se, aliviando cada milímetro de cansaço, de preguiça das minhas fibras musculares. A minha mente entrava num estado zen, ela tinha desaparecido do meu consciente, agora pensava em coisas mais importantes como a minha escrita, a minha família, as minhas ex-namoradas, os meus sonhos, os trabalhos da escola, os meus amigos, no meu desalinhamento de pensamentos, de conquistas e perdas.
De repente a água torna-se fria.
- P*ta que pariu, merda para isto, estava tão bem. – Gemi eu. Os músculos enrijecem, ela volta e por sua vez o tesão que ela me dá.
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