Eram umas vinte e uma horas, já tinha acabado de jantar. Depois de ter estado uma hora a arranjar-me para ir sair. Sai do quarto e fui perguntar à minha irmã se estava despachada, reparei mais uma vez na vela que estava no corredor, voltei a ter aquele rosto na minha cabeça, por uns breves instantes.
A minha irmã deu comigo a olhar para a vela e eu nem sequer tinha dado por ela, ou pela resposta dela. Já estava a reclamar comigo, porque tínhamos de nos despachar. Eu sou sempre a mesma coisa, lá pensei eu. Estava sempre atrasado, porque distraía-me facilmente ou então porque adormecia.
Descemos e já estava o meu melhor amigo, acompanhado pela namorada e a amiga da minha irmã, que já estavam à nossa espera há algum tempo. Tudo por culpa minha. Olhei para o relógio, um novo que tinha comprado, nada de especial. Afinal, ainda íamos a tempo do inicio do espectáculo, algo que eu não queria perder, estava irrequieto. Aquela rapariga…
Andámos uns três quilómetros a pé, com muita conversa pelo meio, umas sem pés e nem cabeça, outras que iam por acolá. Nada de outro mundo. Acabaríamos por chegar sem darmos conta. Aquele descampado estava, que se diga um “inferno”, podia andar de t-shirt se quisesse e nem apanharia uma única constipação, por mais pequena que fosse.
Na minha cabeça continuava a passear aquele rosto liso, sem falhas, perfeito. Tinha uns lábios carnudos, que daria a qualquer um uma vontade de beijar e de se perder por ali, os cabelos loiros pareciam ouro vivo, que davam riqueza ao seu olhar verde de primavera. Uma esmeralda de cabelos dourados. Tudo no seu rosto, era salientado por aquela forte chama. Não havia algo tão rico e, ao mesmo tempo, tão vivo como aquela rapariga. Eu ainda só lhe tinha visto o rosto, mas já imaginava mais ou menos como seria o seu corpo.
Não era algo que me interessava muito, mas imaginava um corpo esbelto, uma cintura um pouco larga, um peito um pouco grande e uma barriga do estilo “Danone”. Imaginava-a a dançar como se nadasse na água, com subtileza e harmonia. A fazer magia com o fogo, como se tratasse de um mágico. Só que ela dava vida, mas muita vida ao espectáculo.
Tudo fruto da minha imaginação, e oxalá eu não estivesse errado. Dirigimo-nos para a zona onde ia acontecer o espectáculo.
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